O Conselho Nacional de Educação esclarece as principais
dúvidas
sobre o ensino no país durante a pandemia do coronavírus
sobre o ensino no país durante a pandemia do coronavírus
1) As escolas das redes pública e privada de educação básica podem
continuar com aulas e atividades a distância? Quem autoriza?
Sim. A legislação brasileira [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional]
admite que os sistemas de ensino estaduais e municipais, coordenados pelas
secretarias de Educação e pelos conselhos estaduais e municipais de Educação,
podem, em situações emergenciais, autorizar a realização de atividades a
distância nos seguintes níveis e modalidades:
I - ensino fundamental;
II - ensino médio;
III - educação profissional técnica de nível médio;
IV - educação de jovens e adultos;
V - educação especial.
2) Mas, a LDB não diz que o ensino fundamental será presencial?
Diz, mas também dispõe no artigo 32 § 4º que o ensino a distância pode ser
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais na educação fundamental. Já o § 11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de
1996, alcança o ensino médio.
Por outro lado, o Art. 8º do Decreto 9.057, de 2017, regulamenta a LDB e autoriza
a realização de atividades a distância no ensino fundamental, médio, na
educação profissional, de jovens e adultos e especial, desde que autorizada
pelas autoridades educacionais dos estados e municípios
3) As atividades a distância podem ser aproveitadas no ano letivo?
Sim. Essas atividades não presenciais podem ser organizadas oficialmente e
validadas como conteúdo acadêmico aplicado. Ou seja, podem ser aproveitadas
dentro das horas de efetivo trabalho escolar. Para isso, é preciso uma
autorização da autoridade educacional do estado ou do município. Para adotar
essa modalidade, as redes de ensino ou escolas precisam adequar metodologia
de ensino aos recursos tecnológicos necessários.
Todos devem prestar atenção na qualidade dessas aulas ou atividades. Os
estudantes devem receber o aprendizado adequado e correto. As escolas devem
zelar pelo acompanhamento, avaliações e a participação correta dos alunos.
Ao autorizar que as aulas e atividades continuem de forma não presencial, as
autoridades dos estados e municípios e as instituições particulares devem
trabalhar para proporcionar o acesso de todos os estudantes ao aprendizado.
Assim como a educação a distância necessita de metodologias próprias, as
escolas devem adotar mecanismos próprios de fornecimento do conteúdo e
acompanhamento avaliativo e da participação efetiva dos estudantes.
4) O que acontece quando a escola ou rede de ensino não puder ministrar
aulas a distância?
Nesses casos, atividades escolares devem ser repostas, seja em relação aos
conteúdos, seja em relação aos dias letivos.
5) Como deve ser feita a reposição? E se as aulas forem suspensas até o
segundo semestre? O calendário escolar pode ser reorganizado?
É necessário entender que as decisões devem ser feitas âmbito de estados e
municípios, responsáveis por indicar como será feita a reposição de conteúdos
e atividades, em horas de efetivo trabalho escolar, e dias letivos.
Existe também a Lei 13.415, de 2017, conhecida como Lei do Ensino Médio, que
altera a LDB e amplia progressivamente as horas de efetivo trabalho escolar só
para o ensino médio. Ela poderá ser flexível a cada estado ou município, ou seja,
pode haver formas diversas de se atender a legislação nacional que deve estar
articulada com as legislações locais.
É preciso sempre esclarecer que, no processo de reorganização do calendário
escolar, o ano letivo pode, em situações determinadas e para efeito de reposição
de aulas e atividades, não coincidir com o ano civil. No processo de
reorganização dos calendários escolares, é fundamental que a reposição de
aulas e a realização de atividades escolares possam ser efetivadas preservando
a qualidade de ensino.
6) Algumas instituições de ensino superior aderiram à educação a distância
e outras ainda não aderiram. Todas podem substituir suas atividades
presenciais por educação a distância?
Sim. O Ministério da Educação, em caráter excepcional, pelas portarias 343 e
345, de 17 e 19 de março deste ano, autorizou que instituições de educação
superior públicas e privadas substituam disciplinas presenciais por aulas que
utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação em cursos que estão
em andamento.
A mudança é válida para o sistema federal de ensino, composto pelas
universidades federais, pelos institutos federais, pelo Colégio Pedro II, pelo
Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), pelo Instituto Benjamin
Constant (IBC) e pelas universidades e faculdades privadas.
A nova recomendação também abrange os cursos de medicina, que poderão
realizar a substituição de disciplinas presenciais teóricas-cognitivas do primeiro
ao quarto ano do curso por aulas não presenciais que utilizem meios e
tecnologias de informação e comunicação.
7) As instituições de educação superior podem adotar imediatamente essa
nova regra de ensino a distância?
Sim. É importante destacar que as portarias citadas estabelecem que as
instituições precisam definir suas metodologias e infraestrutura de tecnologia de
comunicação e informação para a oferta do aprendizado online. A qualidade tem
que ser garantida aos estudantes. As instituições deverão relatar ao MEC em até
15 dias as disciplinas ofertadas a distância e as tecnologias e metodologias
utilizadas.
8) Instituições estaduais podem realizar a educação a distância?
As escolas estaduais podem oferecer aulas no ambiente virtual porque a
possibilidade está prevista em alguns instrumentos legais, como a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
9) E as instituições que decidirem não adotar a modalidade a distância?
Essas instituições devem reorganizar seus calendários acadêmicos
considerando a legislação vigente de dias letivos e efetivo trabalho acadêmico,
da mesma forma que é exigido para os outros níveis de formação.
10) Como será o futuro próximo da educação brasileira?
A educação brasileira é robusta. As instituições públicas e privadas de todos os
níveis educacionais vêm demonstrando responsabilidade e compromisso na
adoção de medidas que respaldem o direito de seus estudantes ao aprendizado
continuado. Isso é muito importante para o Brasil.
O Ministério da Educação está em dinâmica colaboração e cooperação com as
instituições. Entendemos que as soluções devem ser dinâmicas também.
Estamos em franco e continuado diálogo para verificar como poderemos
continuar a colaborar e atuar de modo a garantir que o Brasil, no que depender
da educação, não pare nesse período.
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